15 de mai. de 2011

O estilo Louva-a-Deus


O inseto cuja aparência é de maior devoto do mundo, tem que ser o Louva-a-Deus. Com as patas dianteiras, costumeiramente posicionadas de forma a sugerir as mãos juntas de um devoto, ele se tornou o inseto mais referido em todas as artes marciais. Este inseto se tornou tão venerado, não por causa da sua aparente aura de religiosidade, mas, por causa de sua reconhecida ferocidade, combatividade e tenacidade de vida. Há trezentos e cinqüenta anos atrás um mestre de luta, Wang Lang, exaltava a pequena,mas ativa criatura, criando o estilo Louva-a-Deus de auto defesa.

De qualquer forma, se não fosse por uma série de derrotas humilhantes sofridas por Wang, o Louva-a-Deus ( Mantis : do grego palavra para divino ou profeta ) poderia ter sido esquecido ou ignorado. O Mestre de Louva-a-Deus Chao Tsu Tse nos conta que Wang Lang foi um lutador de espada de superior qualidade, que aprendeu a ser invencível, mesmo ouvindo os outros clamarem que os monges Shaolin eram inconquistáveis nas artes marciais. Determinado a tirar este estigma da crença popular, Wang foi ao Templo Shaolin e publicou um desafio aos monges para testar suas habilidades contra ele, em duelo amigável. Devido a sua insistência repetitiva, o monge mestre permitiu a Wang ter o seu desejo realizado. Um monge novato foi enviado para lutar contra ele. Para a surpresa e vexame de Wang, ele foi decisivamente derrotado por um noviço. Se resguardando isoladamente nas montanhas, Wang estava determinado a provar suas habilidades aos monges.

Monumento a Wang Lang em Laoshan
na Provincia Shandong
Ele treinou diligentemente seu estilo "Caminho da Espada"( Tsien Tao ) enquanto ao mesmo tempo, constantemente se exercitava e fortalecia seu corpo. Ele voltou ao monastério convencido que estava pronto a mostrar aos monges sua superioridade, agora obtida. Os monges aceitaram mais uma vez o convite para contestar suas habilidades. Novamente ele enfrentou o monge mais novo. Com um sentimento de entusiasmo ele venceu o jovem monge principiante. Derrotou ainda outro monge, de baixa graduação, e outro de categoria mais elevada. Wang estava começando a sentir confiança em sua invencibilidade até que enfrentou o monge mestre. Com a ordem Shaolin observando, Wang não foi capaz de tocar o mestre. Foi totalmente derrotado. Novamente, para tratar de seu corpo e do seu orgulho ferido, Wang desapareceu na floresta para contemplação. Um dia, enquanto descansava debaixo de uma árvore, Wang ouviu a longa nota aguda de uma cigarra em um galho baixo no arbusto acima dele. Olhando silenciosamente para o alto, Wang reparou em um frágil, com aparência quase quebradiça, Louva-a-Deus engajado em uma luta de vida ou morte com a grande cigarra. A cigarra estava fazendo o máximo, sua cabeça contra o Louva-a-Deus quase o imobilizava com sua tenacidade. Foi quando o Louva-a-Deus reagiu com ferocidade usando sua forte virada de patas e mordendo a boca para agarrar a robusta cigarra e desfazer-se da posição em que estava. O carnívoro Louva-a-Deus consumiu a sua vítima. Altamente impressionado com o que vira, Wang decidiu capturar o inseto vitorioso e então observar os seus movimentos defensivos e ofensivos.

Usando um graveto de pequeno comprimento, ele cutucava e provocava o Louva-a-Deus em todas as direções. Invariavelmente, o Louva-a-Deus, com sua cabeça capaz de virar para qualquer direção, se defendia efetivamente quando provocado de frente ou de costas. O perseverante inseto tornou-se a nova inspiração de Wang para o seu novo sistema de combate. Com cuidado meticuloso, ele ordenava os movimentos defensivos e ofensivos do inseto em uma arte de luta humana. Ele a dividiu em três principais categorias: Peng Pu, método importante de bater ou tirar o antagonista de seu balanço, Lan T’seh, usado para restringir ou reduzir a força do oponente, e Pa Tsou, a defesa "oito cotovelos".



Comparação de um desenho técnico de um braço de Louva-a-deus
e o gancho da postura de mão do estilo.

Depois de sua preparação pessoal concentrada e fixa, ele finalmente acreditou que estava preparado para testar seu novo estilo de luta contra o mestre dos monges. Armado com seus movimentos inspirados no Louva-a-Deus, Wang extraordinariamente derrotou o mestre dos monges com suas táticas de inseto selvagem nunca antes usadas por um homem. Os monges, respeitosamente, aceitaram a sua derrota mesmo com surpresa e procuraram aprender o novo e estranho sistema. A palavra de sua vitória se espalhou pelas províncias. Wang Lang era o novo herói das artes marciais. Ele logo foi rodeado por discípulos. O sonho das artes marciais de Wang Lang foi finalmente realizado. Sua escola de auto defesa do Louva-a-Deus se tornou extremamente proeminente no Nordeste da China, considerada por alguns como sendo a maior durante seu tempo de vida. O venerável Wang morreu anos mais tarde, feliz e famoso mestre de luta. De qualquer forma, sua cuidadosa herança do estilo Louva-a-Deus se dividiu na dinastia Ch’ing quando quatro discípulos, cada um desejando inovações e procuraram se desligar da escola fundadora. O Mestre Louva-a-Deus disse então que, seus desejos poderiam ser satisfeitos com uma condição, que cada discípulo nomeasse seu sistema individualmente, de acordo com as marcas das costas de um Louva-a-Deus capturado por cada um. Um tinha a aparência do símbolo Yin-Yang ( Tai T’si ), outro parecia com uma flor de ameixa ( Mei Hua ) e no outro, um conjunto de marcas que tinham a aparência de sete estrelas ( Tsi T’sing ) . Houve um Louva-a-Deus que não tinha marca aparente. Este estilo ficou conhecido como estilo despido ( estilo sem marca - Kwong P’an ).
O estilo Louva-a-Deus Sete Estrelas é considerado por muitos como o mais complexo dos estilos Louva-a-Deus, O sistema engloba um conjunto de técnicas de artes marciais chinesas, sistematizadas por Wang Lang (Wong Long em cantonês), no século XVII, em Shantung, China, por meio da contribuição de outros 17 docentes de variados sistemas. Neste sentido, pode-se compreender o Louva-a-Deus Sete Estrelas como o resultado do que havia de mais consistente no que se refere a luta daquela época e, exatamente por esta razão não se pode definir tal sistema com uma única característica, mas, exatamente, aglutina estratégias e técnicas diversas, com destaque para movimentos rígidos e flexíveis. Sua composição dispõe de formas de mãos livres, formas com armas, uma grande variedade de técnicas de luta de mãos livres e com armas, além do Qi Gong (Energia Interna). O sistema Louva-a-Deus do Norte é o único que dispõe no seu currículo das aplicações de cada movimento das rotinas (Taolu/Kuen Tou), do início ao fim, o que se nomeia: Ling. Em outros termos, todos os movimentos das formas explicitam a luta contínua do início ao fim, o que faz dele um dos mais procurados da atualidade, em todo o mundo. 


14 de mai. de 2011

Dança do Leão Chinês

História
O leão é tradicionalmente considerado como uma criatura guardiã em muitas culturas asiáticas. Ele é representado na tradição budista como a montaria de Manjusri. A dança do leão é realizada em muitas culturas asiáticas, incluindo China, Japão, Vietnã, Coréia, Taiwan e Tailândia, entre outros, cada país possuindo seu estilo e propósitos próprios.
A dança do leão é especialmente popular na cultura chinesa, com uma história que remonta a mais de mil anos. Existem vários estilos de dança do leão, mas a mais popular são a nortista e a sulista. A dança nortista se originou nas regiões setentrionais da China, onde era usada para o entretenimento da corte imperial. O leão nortista é geralmente de cor vermelha, laranja e amarela (às vezes com pelagem verde para a leoa), é de aparência desgrenhada e têm uma cabeça dourada. A dança nortista é muito acrobática e é realizada principalmente como entretenimento.
A dança do leão sulista é de natureza mais simbólica. Ela é realizada geralmente como uma cerimônia para exorcizar espíritos maléficos e para invocar sorte e felicidade. O leão sulista exibe uma vasta variedade de cores e tem uma cabeça peculiar com grandes olhos, um espelho na testa e um chifre único no centro da cabeça.

Estilos diferentes

Os dois tipos mais populares de dança do leão na cultura chinesa, são a do leão nortista e do leão sulista.

Nortista

No norte, os leões geralmente aparecem em pares. Leões nortistas geralmente têm pêlo longo e desgrenhado de cor laranja e amarela, com um arco vermelho ou verde na cabeça para indicar se se trata de um macho ou uma fêmea.
Durante uma apresentação, os leões nortistas se parecem com um cão pequinês ou Cão Fu, e seus movimentos são muito realistas. Acrobacias são muito comuns, com proezas como se equilibrar ou se balançar sobre uma bola gigante. Leões nortistas às vezes aparecem como uma família, com dois grandes leões "adultos" e um par de "leãozinhos". Ninghai, em Ningbo, é chamado de "Lar da Dança do Leão" (狮舞之乡) para a variedade nortista.

Sulista

Guangdong é o lar da variedade sulista. Acredita-se que os leões chifrudos sulistas sejam Nians.
O estilo sulista pode ser subdividido em Fut San (Montanha do Buda), Hok San (Montanha do Grou), Fut-Hok (estilo menor que é quase um híbrido de Fut San e Hock San), Chow Gar (estilo menor praticado pelos participantes do estilo de Kung Fu da família Chow) e o Qing Shi (Leão Verde - popular entre os Fujianos/Hokkianos e Taiwaneses).
Fut San é o estilo que muitas escolas de Kung Fu adoptam. Ele requer movimentos poderosos e resistência quando em espera. O leão se torna a representação da escola de Kung Fu e somente os estudantes mais avançados podem realizá-lo.
O estilo Hok San é mais comumente conhecido como um estilo contemporâneo. O estilo contemporâneo Hok San combina uma cabeça de leão sulista com os movimentos do leão nortista. O estilo Hok San tenta reproduzir um aspecto e movimentos mais realistas, bem como performances acrobáticas. Sua cauda curta é também favorita entre as trupes que fazem o salto da baliza (jong).
Quando o leão que dança entra numa vila ou jurisdição, imagina-se que ele preste seus respeitos ao templo budista local, em seguida aos ancestrais e finalmente atravesse as ruas para trazer felicidade ao povo. Existem três tipos de leão: o leão dourado, representando vigor; o leão vermelho, representando coragem; e o leão verde, representando amizade.


Outros tipos de leão

Três outros tipos famosos de leão são identificados como: Liu Bei, Guan Gong (Kuan Kung) e Zhang Fei. Eles representam personagens históricos na China, registrados no clássico Romance dos Três Reinos:
O leão Liu Bei tem uma cara amarela, cauda multicolorida e pelagem branca. Ele é descrito como um sábio, usado pelos mestres das escolas de Kung Fu.
O leão Guan Gong tem uma cara e cauda vermelhas, e pelagem negra. Ele é descrito como o mais nobre dos leões, usado mais comumente em cerimônias.
O leão Zhang Fei tem cara, cauda e pelagem negras. Ele é descrito como o leão mais agressivo, usado por jovens mestres que desejam provar o próprio valor.
  O Choy Chang
Durante o Ano novo chinês, dançarinos do leão de escolas de artes marciais costumam visitar lojas para fazer o "choy chang" (採青, literalmente "colhendo verduras"). O comerciante amarra um envelope vermelho contendo dinheiro numa cabeça de alface e a pendura em frente a porta da frente. O leão aborda então a alface como um gato curioso, "engole" a alface e cospe fora as folhas, mas não o dinheiro. Supõe-se que a dança do leão traga boa sorte e fortuna para o negócio, e os dançarinos recebem o dinheiro como recompensa (além deste aspecto lúdico, o "choy chang" era encarado como um pedido de proteção formal; ao aceitar o presente, a escola de Kung Fu cujos alunos realizavam a dança, comprometia-se a vir em socorro do comerciante caso seu estabelecimento fosse assaltado). A tradição tornava-se assim, uma transação mútua.
Outros tipos de "verduras" () podem também ser usados para desafiar a trupe, quando, por exemplo, potes de abacaxis, toranjas, bananas, laranjas e pedaços de cana-de-açúcar são usados para criar pseudo-barreiras. A dança é também realizada em outras ocasiões importantes incluindo festivais chineses, cerimônias de inauguração de negócios e casamentos tradicionais.
Hoje em dia, os negócios não exigem muito dos dançarinos, e este é um dinheiro fácil para as escolas de artes marciais. Nos dias de antanho, a alface era erguida entre 4,5 e 6 metros de altura e somente artistas bem treinados em artes marciais podiam alcançar o dinheiro enquanto dançavam com uma pesada cabeça de leão. Estes eventos tornaram-se um desafio público. Uma grande quantia de dinheiro era oferecida, e a platéia esperava um bom espetáculo. Algumas vezes, se leões de várias escolas de artes marciais abordavam a alface ao mesmo tempo, imaginava-se que os leões deveriam lutar para decidir quem seria o vencedor.
Os leões tinham de lutar com refinados movimentos de leão, em vez dos estilos caóticos de luta de rua. A platéia então julgava a qualidade das escolas de artes marciais de acordo com o que os leões haviam lutado. Dado que a reputação das escolas estava em jogo, as lutas eram geralmente ferozes, mas civilizadas. O leão vencedor usaria então métodos criativos e habilidades de artes marciais para alcançar a recompensa pendente nas alturas. Alguns leões podiam dançar sobre pernas de pau e alguns podiam formar pirâmides humanas compostas por seus colegas de escola. Os dançarinos e as escolas ganhavam elogios e respeito, em acréscimo à grande recompensa financeira, quando se saíam bem.


Dança do Leão Chinês na TSKF

A TSKF além das aulas de Kung fu e Tai Chi Chuan, dispõe de uma equipe de apresentações que inclui a tradicional Dança do Leão Chinês.

Tradicionalmente realizada na China, a Dança do Leão é um ritual que traz alegria e bons fluídos ao local onde é realizado. Com o objetivo de afastar as energias negativas e trazer sucesso, a Dança do Leão vem sendo a séculos realizada no Ano Novo chinês, essa tradição está presente agora no ocidente e vem sendo realizada também em casamentos, inaugurações e eventos festivos.

Além de uma celebração, a performance é um ritual cheio de simbolismo pois, a figura mitológica do Leão por ser brincalhão, representa alegria e felicidade. O ritual é acompanhado por uma banda constituída de tambor, cimbal e gongo.

Essa novidade no Brasil, já vem sendo muito procurada como uma forma alternativa para celebrar os eventos com muita alegria e energia positiva, além de segundo a cultura chinesa, afastar as coisas ruins e ajudar a trazer fortuna.

A TSKF já realizou diversas apresentações para grandes empresas, entre elas estão: Motorola, Centro econômico e cultural de Taiwan e programas de TV como Mais Você da Ana Maria Braga, A Noite é uma Criança, SPTV e programa Pra Você da TV Gazeta.

Assista ao vídeo da Dança do Leão realizado Brasil International Championship.

Para mais informações das apresentações da TSKF e da Dança do Leão no seu evento, contate a Unidade TSKF mais próxima.